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Lixo Eletrônico

Lixo Eletrônico

Lixo eletrônico no Brasil: Desafios e soluções

Por Ana Maria Domingues Luz

O resíduo de equipamentos eletroeletrônicos (REEE), popularmente conhecido como lixo eletrônico ou e-lixo, é um grande desafio para o mundo moderno: estima-se que sejam geradas, anualmente, 41,2 milhões de toneladas em todo o planeta[1]. Somente no Brasil, este número atinge cerca de 1,4 milhões de toneladas anuais[2].

Apesar de sua aparência mais “limpa” que os resíduos recicláveis e orgânicos, é uma grande ameaça à saúde da população e ao meio ambiente. Seus componentes possuem cerca de 60 substâncias tóxicas como, por exemplo, chumbo, mercúrio e cádmio. Portanto, torna-se imprescindível o cuidado no transporte, na desmontagem, no armazenamento e, principalmente, no descarte desse material, de maneira a evitar que esses elementos contaminem o meio ambiente e prejudiquem os seres vivos.

Uma boa notícia é que é possível gerar negócios com o lixo eletrônico, pois muitos componentes contêm ouro, prata e diversos metais nobres, que podem ser reciclados e gerar renda e inclusão social. Em uma iniciativa pioneira, o Instituto GEA, em parceria com o Lassu – Laboratório de Sustentabilidade da Poli-USP, com recursos de patrocínio da Caixa Econômica, vem promovendo mudanças na vida dos catadores de recicláveis de todo o país e pensando soluções para o problema do lixo eletrônico, por meio do Projeto Descarte Legal.

Esse projeto tem como objetivo incluir as cooperativas de catadores na cadeia da logística reversa de resíduos eletroeletrônicos, criando oportunidades e solucionando o problema de prefeituras e empresas. Para atingi-lo, as cooperativas de catadores são capacitadas no tratamento correto do resíduo eletroeletrônico (curso desenvolvido com parceria técnica do LASSU-USP), e há o acompanhamento da implantação das técnicas nas cooperativas parceiras: desde a retirada de doações até a comercialização para empresas certificadas.

O projeto atua em 11 capitais: São Paulo, Brasília, Salvador, Recife, Belém, Fortaleza, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba e Porto Alegre, onde capacitou mais de 200 catadores, gerando renda e promovendo sua autoestima. Até outubro de 2017, foram gerados mais de 900 mil reais em renda para as cooperativas, destinando corretamente milhares de equipamentos descartados pela Caixa. No estágio atual, o Descarte Legal vem promovendo parcerias entre as cooperativas, empresas e órgãos públicos.

Com o Projeto Descarte Legal todas as partes são beneficiadas: a população e as empresas encontram formas adequadas para descartar seu lixo eletrônico, e as cooperativas aumentam a renda e promovem a inclusão de mais pessoas.

ANA MARIA DOMINGUES LUZ é Formada em Comunicações pela Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA/USP); é Mestra strictu senso em Ciência Ambiental pelo PROCAM/USP. Fundadora do Instituto GEA-Ética e Meio Ambiente, ONG que trabalha com reciclagem e Educação Ambiental em 1999. É presidente do Instituto desde 2004.

[1] http://www.step-initiative.org/overview-world.html

[2] http://www.step-initiative.org/Overview_Brazil.html