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CYBERLOAFING – Hora de refletir

CYBERLOAFING – Hora de refletir

(*) Profa. Dra. Maria Cecília Coutinho de Arruda, Membro do GEES-CRASP e Diretora da Hetica Treinamento Empresarial

Cyberloafing é um termo empregado para descrever as ações de colaboradores que acessam a Internet no trabalho, para usos pessoais, fingindo fazer o trabalho legítimo.

Embora com menor frequência, é também conhecido como Goldbricking (tijolo coberto de ouro), ou Cyberslacking (fuga do dever ou do trabalho).

Com vistas à sustentabilidade, para empresas e outras organizações que empregam os cyberloafers, este comportamento leva à ineficiência e à perda de produtividade.

A pergunta que vem à mente dos gestores, quando se deparam com fatos decorrentes de um desses fenômenos, é: Como reduzir estes custos nas organizações?

Três estratégias vêm sendo testadas, em várias partes do mundo, porque a questão digital já é global. São elas:

  1. Cyberveillance: Acompanhar os cyberloafers com softwares.
  2. Instalar servidores proxy para prevenir o acesso a sites específicos.
  3. Estabelecer medidas e impedir acesso online durante as horas de trabalho na organização.

Por meio da Cyberveillance, os gestores já têm noção, mas buscam verificar algumas ações dos colaboradores cyberloafers:

  • mudanças de arquivos;
  • visitas a websites;
  • uso de e-mails;
  • uso do teclado;
  • todos os movimentos da tela do computador;
  • mensagens, chats, redes sociais, compras online, e jogos na Internet.

Para conviver com o Cyberslacking, é preciso compreender a motivação para o comportamento dos cyberloafers, nas empresas e demais organizações:

  • A qualidade da conexão é melhor.
  • 0 acesso a websites é mais rápido.
  • Há suporte da empresa ou organização (free Internet) fora do horário de expediente, para elaboração de mensagens, participação em chats e redes sociais, efetuar compras online, e praticar jogos na Internet.

O vício do cyberloafing parece penetrar ambientes muito diversos, na maior parte dos países.

De forma semelhante às empresas, as escolas e universidades são organizações que se ressentem muito, à medida que cada cyberloafer tende a apresentar déficit de atenção e de concentração, desmotivação e impaciência com o ritmo habitual das aulas. Seu objetivo é manter-se conectado, saciar sua curiosidade, comunicar-se, jogar, e assim por diante. Isso parece ocorrer, independentemente da idade dos estudantes. Ato contínuo, como consequência, os professores tratam de adaptar os métodos de ensino, integrando o máximo de recursos digitais e virtuais em seus programas.

A própria pessoa do cyberloafer sofre consequências de sua dependência do computador, tablet ou smartphone. Se não houver cautela no uso destes aparelhos, um distanciamento dos demais familiares, colegas ou cidadãos, pode ocasionar um isolamento, uma perda de percepção do “outro”, uma tendência a um egoísmo exacerbado, e outras reações perniciosas ao seu equilíbrio mental, emocional e social.

A família, na medida em que vislumbra o desenvolvimento tecnológico, e como as várias gerações vão assimilando as inovações sem muito critério, parece perder significativo espaço na sociedade. Rupturas familiares, em muitos casos, pode se atribuir a faltas de comunicação causadas pelo “filho manhoso e ciumento” chamado smartphone. Estatísticas assustadoras parecem indicar que o uso médio deste aparelho passa de 8 horas por dia, em um enorme número de países, incluindo o Brasil.

Analogamente, outros grupos específicos, profissionais, sociais, religiosos, esportivos, associações e clubes, entre outros, parecem sofrer com o fenômeno do cyberloafing. A perda de objetivo do grupo, no limite, se deve à perda de consciência de valor. O imediatismo dos resultados e a velocidade digital, parecem concorrer com os objetivos éticos, sociais e econômicos propostos pela sociedade como um todo. As redes sociais propõem ideias e soluções rápidas, mas faz falta tempo para o necessário aprofundamento. Hora de refletir …

 

(*) Maria Cecilia Coutinho de Arruda é Graduada em Economia (USP), com mestrado em Administração de Empresas (FGV-SP), doutorado em Administração (USP) e pós-doutorado em Ética e Propaganda na City University of New York, USA.  Atualmente é Diretora Executiva da ALENE – Associação Latino- Americana de Ética, Negócios e Economia e Presidente da Hetica Treinamento Empresarial – heticabrasil@gmail.com