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Porque precisamos falar de Diversidade

Porque precisamos falar de Diversidade

*Por Cris Kerr

Eu tenho duas grandes paixões: transformar e fazer a diferença no mundo. E meu propósito é dar voz para a maioria da população, mas que ainda é minoria nas empresas, principalmente nos cargos de liderança.

Trabalhei em setores predominantemente masculinos como o setor de telecom e o metro ferroviário. Então eu percebi cada vez mais que as mulheres não tinham voz!

Então eu  decidi que  eu  tinha  que  fazer  alguma  coisa  para mudar este cenário porque o meu lema é  os incomodados que mudem o mundo.

Em 2011 idealizei o primeiro evento no Brasil com foco na Diversidade na Liderança, o fórum mulheres em destaque!  Um Fórum para dar voz para as mulheres, um Fórum para apoiar as empresas a construírem ações e programas para ascensão das mulheres aos cargos de liderança.

Em 2012, decidi ir além do tema gênero e pesquisei muito o tema da diversidade e criei o primeiro Fórum Gestão da Diversidade e Inclusão para apresentar Cases de Sucesso de empresas que estão direcionado foco em ações, políticas e estratégias de diversidade e inclusão.

Segundo o IBGE nossa população é composta por: 51,6% de mulheres e 54% de negros e pardos – incluindo homens e mulheres

Mas os números de profissionais nas empresas não refletem esta realidade, principalmente nos cargos de liderança:

Segundo pesquisa do Instituto Ethos realizada em 2016, os negros e pardos representam 35,7% dos profissionais, no entanto o número de executivos em cargos de gestão é de 4,7%. As mulheres representam 35,5% dos profissionais, mas apenas 13,6% nos cargos de gestão.

Segundo pesquisa da FGV, as mulheres representam apenas 7,8% dos cargos de liderança, que são relativos a cargos de diretoria e C-level, CFO, CEO entre outros. E nos conselhos de administração temos menos de 7% de mulheres, e quando excluímos as herdeiras, este percentual cai para 3%.

Onde começam os preconceitos?

A criação das crianças está carregada de estereótipos. Estereótipos de gênero são crenças generalizadas sobre as características e os comportamentos associados as mulheres e aos homens.

Quando nossos filhos são bebês criamos o primeiro estereótipo classificando as meninas com a cor rosa e os meninos com a cor azul.

Em seguida criamos outro estereótipo, pois dividimos os brinquedos por gênero e definimos o comportamento esperado para cada grupo:

As meninas brincam de boneca, de casinha e de cozinha, já os meninos brincam com carrinho, constroem foguetes e robôs, e podem brincar na rua, se aventurando em descobertas enquanto a menina fica em casa e deve se comportar como uma mocinha.

Hoje em dia não existe mais brinquedo de meninos ou de meninas. No entanto os pais não percebem que continuam a promover a cultura estereotipada de gêneros.

Inconscientemente eles têm medo de que os filhos sofram bullying ou discriminação quando brincam com um brinquedo que é considerado do outro gênero. Ou por terem a crença de que os brinquedos e a forma de educar podem definir a orientação sexual dos filhos. Este é um trabalho que deve ser feito em conjunto entre a escola e a família.

Uma pesquisa da Plan International realizada com meninas de 6 a 14 anos no Brasil, identificou que elas são as principais responsáveis pelo trabalho doméstico em casa.

Enquanto 81,4% das meninas arrumam sua própria cama, apenas 11,6% dos seus irmãos arrumam a cama – 76,8% das meninas lavam louça e apenas 12,5% dos meninos – 65,6% das meninas limpam a casa e apenas 11,4% dos meninos. Esta divisão de tarefas está muito desigual pois este é mais um estereótipo que associa as responsabilidades e tarefas da casa as mulheres.

A Universidade da Colúmbia Britânica identificou em uma pesquisa que nas casas onde à mãe faz a maior parte das tarefas domésticas, as filhas tendem a escolher profissões como enfermagem e veterinária ou se tornam donas de casa. Nas casas onde o pai participa ativamente das tarefas domésticas, elas tendem a escolher carreiras nas áreas de engenharia e finanças.

Todas estas informações e pesquisas mostram que os pais, a família, amigos e professores têm uma forte influência na construção dos estereótipos de gênero.

Será que nós estamos atentos a forma como estamos educando e criando os nossos filhos? Vamos começar esta transformação em nossas famílias, desconstruindo os estereótipos de gênero? Assim num futuro próximo teremos uma sociedade mais saudável e menos preconceituosa com as crianças.

*Cris Kerr é palestrante, especialista em diversidade, empoderamento feminino e familiar, CEO da Agência CKZ e idealizadora do Fórum Mulheres em Destaque e do Fórum Gestão da Diversidade e Inclusão. Comenta sobre esses e outros temas todas as terças-feiras no seu Canal Vamos falar de Diversidade. goo.gl/QQfxk5