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Responsabilidade Social Corporativa

Responsabilidade Social Corporativa

Por Mona Abdelnur Chamma

Tem crescido a preocupação da sociedade com os temas relacionados à ética, cidadania, diretos humanos, meio ambiente, desenvolvimento econômico, desenvolvimento sustentável e inclusão social.

Esta preocupação vem crescendo também nas organizações privadas, muitas vezes por exigência do cumprimento da legislação local ou internacional. Um começo indispensável, mas não suficiente para a perenidade da empresa na prática de Responsabilidade Social.

Muitas organizações se declaram socialmente responsáveis por realizarem ações isoladas voltadas para a filantropia com foco no assistencialismo, ainda não enxergando a ligação da Responsabilidade Social com o seu core business.

A Responsabilidade Social tem um conceito mais amplo deve fazer parte da estratégia do negócio da empresa, ser ética e transparente em todas as suas relações, portanto deve ter clareza de sua atuação no mundo, seus impactos e atuar com uma postura preventiva buscando as melhores práticas possíveis.

Hoje podemos detectar empresas que já trabalham suas políticas de Responsabilidade Social Empresarial de forma mais planejada e organizada, buscando formas de engajamento através de, por exemplo, parcerias com organizações do terceiro setor ou assumindo compromissos públicos voluntários.

As empresas começam a dar atenção a seus públicos de interesse, que dependem e são impactados pelas ações das empresas. Uma questão central nesse debate é, que se trata de um ciclo, portanto a empresa também depende desses públicos.

Para se atingir um modelo de gestão voltado para a Responsabilidade Social é importante que a empresa conheça quais são seus públicos de interesse, pois cada um interage e exerce uma influência para a empresa que deve ser identificada e analisada pela mesma. O público alvo deixa de ser apenas o consumidor e passa a englobar um número muito maior de pessoas e empresas. São os chamados stakeholders, termo criado para designar todas as pessoas ou empresas que, de alguma maneira, são influenciadas pelas ações de uma organização.

Hoje, o mercado e a sociedade requerem uma gestão centrada em interesses e contribuições visando às partes interessadas: clientes, fornecedores, comunidade, meio ambiente, fornecedores, poder público e outros, que buscam a excelência através da qualidade nas relações e a Sustentabilidade econômica, social e ambiental. As empresas passam a conduzir seus negócios de tal maneira tornando-as parceira corresponsáveis pelo desenvolvimento social, ouvindo os interesses das diferentes partes.

O conceito de Responsabilidade Social veio sendo desenvolvido com o passar do tempo  com  as  mudanças  que  ocorreram  nas  estruturas  organizacionais.  As empresas foram repensando seus valores, isto é, deixando de ter objetivos apenas econômicos e incorporando a sua filosofia um contexto social.

Nesta direção é importante citar a Pirâmide de Carrol e Buchholtz que consolida e classifica diferentes visões e abordagens do papel das empresas , do ponto de vista da sociedade dividindo a Responsabilidade Social Corporativa em quarto níveis: econômica, legal, ética e discricionária, iniciando pela obrigatoriedade e chegando à responsabilidade assumida por vontade e escolha própria.

A responsabilidade econômica significa a base para todas as outras e reflete a necessidade da empresa de zelar pela sua saúde financeira e estratégica, para garantir sua sobrevivência e crescimento. O segundo nível, a responsabilidade legal, significa que a empresa deve ser responsável pela adequação de suas ações à legislação vigente. O terceiro nível, a responsabilidade ética, não é exigido, mas é esperado da empresa pela sociedade como um todo. Traduz-se em escolhas da organização e que esteja de acordo com princípios éticos e morais vigentes na cultura social onde a empresa esteja inserida, levando-a atuar num patamar acima do mínimo requeido por lei. O quarto e último nível abriga as iniciativas da empresa em se envolver e buscar soluções para os problemas sociais , de maneira voluntária, que depende de sua escolha e vontade. Não é um envolvimento exigido e nem sempre esperado, mas desejado pela sociedade.

A primeira década do século XXI destacou-se pelo aumento crescente da complexidade do ambiente corporativo advindo da globalização e da velocidade das inovações tecnológicas, o que impôs ao mercado uma nova maneira de realizar suas atividades.

O movimento de Responsabilidade Social representou um forte ponto de intervenção no modo como as empresas enxergavam a sociedade, resultando no início de uma mudança profunda na mentalidade empresarial. Tal transformação está diretamente ligada à evolução do conceito de democracia, em que a responsabilidade pelas pessoas e pelo meio em que se vive deixou ser visto apenas como de responsabilidade governamental e passou a ser compartilhada junto às empresas e organizações da sociedade civil.

As organizações começaram a se destacar pelo envolvimento das questões sociais e preocupação com a comunidade e com isso surgem diferenciações para ações sociais desenvolvidas dependendo do foco e causa adotadas. Algumas empresas se declaram socialmente responsáveis por adotarem ações sociais isoladas voltadas para a filantropia.

Podemos destacar aqui as diferenças existentes entre filantropia e Investimento Social Privado. A filantropia se destaca pelo ato de de ajudar alguém ou uma comunidade de forma solidária , está relacionada a generosidade e a caridade. Estas ações podem ser de curta duração e pontuais, que muitas vezes são legítimas e necessárias, mas se trata de ações assistencialistas, sem planejamento e resultados de impacto social.

O Investimento Social Privado representa a relação da empresa com a comunidade e passa a ser um movimento importante onde o repasse de recursos privados é feito de forma planejada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público, com objetivo de desenvolvimento estrutural.

Uma das formas de diferenciar o conceito de Investimento Social Privado das práticas das ações assistencialistas seria justamente a preocupação com o planejar, monitorar e avaliar os projetos sociais, ter uma estratégia que seja voltada para resultados e transformação social e que as ações tenham o envolvimento da comunidade.

Hoje vemos empresas que trabalham suas políticas de Responsabilidade Social de forma planejada, organizada, buscando o engajamento e parcerias, muitas vezes envolvendo o terceiro setor ou mesmo criando seus próprios Institutos ou Fundações empresariais.

A escolha do modelo pelo qual a empresa opera suas ações sociais por meio da responsabilidade social e investimento social privado deve considerar sua maturidade social e seu compromisso com a causa adotada.

Por meio de estudos podemos verificar o amadurecimento das questões ligadas ao tema responsabildade social a e a evolução do conceito do Investimento Social Privado, passando do assistencialismo à tecnologia social e a capacidade de desenvolver e influenciar a cultura da Responsabilidade Social Corporativa para que permeie as decisões estratégicas e de negócio das empresas.

Portanto podemos enfatizar que a empresa socialmente responsável é aquela que leva em consideração as expectativas das partes interessadas, se preocupa com os impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que contribua para o desenvolvimento sustentável, esteja em conformidade com a legislação aplicável, esteja integrada em toda organização e seja praticada em sua relações.

Mona Abdelnur Chamma é Diretora e Consultora da empresa MKS Vida, empresa de consultoria em Responsabilidade Social e Saúde. Diretora Titular Adjunta do Comitê de Responsabilidade Social da FIESP e do Conselho Fiscal da ABQV – Associação Brasileira de Qualidade de Vida.