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OS LADOS POLÍTICO E TÉCNICO DA SUSTENTABILIDADE

Que o conhecimento é nosso maior patrimônio é fato. Fazemos parte de uma teia social que aprende e ensina de forma contínua. Algumas sociedades são mais eficientes neste processo, outras nem tanto. Mas todas, sem exceção, produzem e compartilham conhecimento. O que acaba sendo determinante é a forma como este processo ocorre.

Algumas sociedades desenvolvem fórmulas de acesso e compartilhamento seletivo, outras optam por escala maiores. E estas escolhas irão interferir no resultado final.  É assim nas sociedades (mais desenvolvidas, e menos desenvolvidas). E é assim nas organizações. Sem conhecimento a humanidade não evoluí, a sociedade não se desenvolve e as organizações não sobrevivem.

E no caso do conhecimento socioambiental não é diferente. É uma área do conhecimento que nasceu um pouco atropelado pelas necessidades que surgiram em virtude justamente das perdas ocorridas pela ausência deste conhecimento. Conforme aconteceram os impactos ambientais (e com eles os impactos sociais e econômicos), foi se estudando tecnologias e sistemas de recuperação e proteção. No inicio, a motivação foi quase que exclusivamente de ordem legal. Ninguém queria correr riscos de multas, penalidades, e desgastes de imagem. Motivado por tal situação, empresas investiram em corpos técnicos preparados que se dedicaram na melhoria contínua dos sistemas para atendimento da conformidade legal. E este investimento em capital intelectual especializado dentro das organizações (dos 3 setores) deu frutos. Estes profissionais desenvolveram novas tecnologias e processos que proporcionavam ganhos não apenas ambientais, mas também sociais e econômicos. Eram portanto, muito mais que legalmente conforme, eram também competitivos. E a área cresceu dentro das organizações inteligentes que passaram a tratar a sustentabilidade como uma nova fronteira de inovação.

Os corpos técnicos desta área atuam não apenas no chão da fábrica, como também nas comunidades do entorno e com importantes públicos de relacionamento da organização (fornecedores, distribuidores, colaboradores). Mantém diálogo com influenciadores, e são ouvidos nas estratégias das organizações.  A sustentabilidade sempre terá que lidar com o lado político, além do técnico, no mundo atual.

Esta trajetória carregada da produção de conhecimento competitivo para as organizações e para a sociedade precisa ser gerida com muita atenção. Dentro e fora das organizações. O cuidado ao produzir e compartilhar conhecimento socioambiental aplicado já faz parte das estratégias das empresas. Assim como produzir conhecimento é essencial, compartilhar também é.

Boas companhias farão toda a diferença

O mesmo rigor adotado na composição da equipe técnica e na implementação das práticas e estratégias devem continuar na etapa do compartilhamento. Portanto, o cuidado com a divulgação (e o compartilhamento) devem seguir a mesma cartilha. Em sustentabilidade algumas premissas são necessárias, a transparência e a credibilidade são duas destas premissas fundamentais.

Ao escolher um canal para divulgar e compartilhar seu conhecimento socioambiental aplicado (suas boas práticas) verifique quem faz parte dele e mais do que isto, a metodologia deste processo de compartilhamento. Boas companhias e metodologias reconhecidas farão toda a diferença. Academia, setores representativos especializados e técnicos, e, órgãos respeitados são companhias desejáveis. Apoios que chancelam boas iniciativas e garantem sustentação e confiança para compartilhar este patrimônio de imenso valor. Afinal, em sustentabilidade o investimento (tempo, recursos, aprendizados, etc.) é sempre alto, e o risco de comprometê-lo também.

Marilena Lino de Almeida Lavorato é ambientalista, Fundadora do Instituto MAIS de Cultura da Sustentabilidade, e idealizadora do Programa Benchmarking Brasil de certificação de boas práticas socioambientais